No último dia 7 de novembro, estreou nos cinemas o filme “Ainda Estou Aqui”, que promete trazer uma visão crítica sobre a ditadura militar no Brasil. Contudo, mais do que a trama, é a suposta polêmica que tem gerado manchetes em grandes veículos como Terra, Gaúcha ZH e UOL, alegando que perfis políticos de direita estariam promovendo um boicote ao filme. Mas, ao que tudo indica, essa história não passa de uma tentativa de ganhar visibilidade em cima de uma narrativa forçada, sem provas e, principalmente, sem relevância.
Para quem acompanha o cenário digital, está evidente que não há qualquer movimentação significativa entre páginas de direita para boicotar o filme. Seguimos diversas páginas e influenciadores conservadores, e o nome “Ainda Estou Aqui” simplesmente não aparece em discussões, postagens, ou qualquer manifestação de boicote. Por quê? A resposta é simples: o filme sequer conseguiu captar a atenção do público a ponto de ser notado, muito menos boicotado.
UOL ainda cita que perfis “acusam” o filme de apresentar fatos inverídicos e até mencionam uma antiga fala de Fernanda Torres, a protagonista, sobre preconceito contra crentes. Em uma entrevista para o programa Roda Viva em 1992, Torres realmente afirmou que “tem preconceito contra crentes”, tentando depois suavizar a declaração, mas a fala já estava gravada. E agora, anos depois, ela pede que o público dê uma chance ao filme, como se esse pedido fosse suficiente para desfazer sua imagem e convencer o público cristão.
Roda Viva 1992
A mídia parece querer insistir que “Ainda Estou Aqui” está sendo atacado injustamente, mas, na verdade, o que se vê é apenas uma tentativa desesperada de justificar a fraca recepção do filme. A verdade é que o filme flopa por si só. Tentem fazer esse alarde em torno de um sucesso popular como Deadpool & Wolverine. Tentem! Seria inútil. O público sabe o que quer ver, e filmes de qualidade conquistam seu espaço independentemente de boicotes ou apoios.
Outro ponto importante é o uso dos recursos da Lei Rouanet, que permite aos produtores obterem financiamento público para seus projetos. Os cineastas conseguem bancar seus filmes com esse dinheiro, mas, uma vez prontos, muitos tentam atrair o público em massa nas salas de cinema para justificar a produção. No entanto, neste caso, a quantidade limitada de salas já denuncia o desinteresse geral.
Até agora, o filme arrecadou R$ 8,5 milhões, um valor modesto considerando o investimento público envolvido. O problema maior não é apenas um possível fracasso financeiro, mas o padrão que se repete: produções que não se conectam com o grande público brasileiro, mas que, ainda assim, são financiadas com dinheiro público. Se a intenção era criar impacto, o efeito foi o oposto, com “Ainda Estou Aqui” revelando, mais uma vez, a desconexão entre o cinema subsidiado e o público.
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